TIANWEN: Em chinês tianwen significa "Questões Celestiais" ou "Perguntas para o céu" e vem do longo poema Tianwen, escrito pelo importantíssimo poeta Qu Yuan (Nascido no século IV a.C), da Antiga China que foi considerado o primeiro poeta chinês importante na literatura de seu País. De acordo com representantes da CNSA (Administração Espacial Nacional da China) o nome TIANWEN representa a busca incessante do povo chinês pela verdade, herança cultural do país de sua compreensão pela natureza e pelo universo, bem como as intermináveis explorações em ciência e tecnologia.

Data e Local de Lançamento:
A missão de exploração para o Planeta Marte foi lançada no dia 23 de julho de2020 por um foguete Long March 5 do Complexo de Lançamento LC 101 em Wenchang na província de Hainan na China ás 01:41 BRT ou 04:41 UTC.
Através de um comunicado a CNSA anunciou que a primeira sonda chinesa no planeta vermelho conduzirá investigações científicas sobre o solo, estrutura geológica, clima, atmosfera e a possível água.
Os principais objetivos da missão são:
1- Analisar a composição do material superficial.
2- Investigar as características do solo superficial e a distribuição água-gelo.
3- Mapear a morfologia e a estrutura geológica do Planeta.
4- Medir a ionosfera e as características do clima do Planeta na superfície.
5- Perceber/Estudar os campos físicos ( Eletromagnético e Gravitacional ) e estrutura interna de Marte.
Os cientistas chineses dizem que a missão fará uma pesquisa global de Marte, medindo a composição do solo e rochas, procurando por sinais de gelo de água, estudando a magnosfera e a atmosfera do Planeta Vermelho.
Além disso, Tianwen-1 serve em parte como um voo de demonstração de tecnologia para uma missão chinesa de retorno de amostra a Marte proposta para 2030.
A sonda robótica consiste em 4 partes sendo elas: um orbitador; um módulo de pouso; uma câmera implantável e um rover. O orbitador está equipado com sete instrumentos científicos e o Rover com uma carga útil de seis equipamentos científicos.
As 6 cargas úteis científicas do Rover são:
Radar de penetração no solo (GPR), para imagem a cerca de 100 metros (330 pés) abaixo da superfície marciana
Detector de campo magnético de superfície de Marte (MSMFD)
Instrumento de Medição Meteorológica de Marte (MMMI)
Detector de Composto de Superfície de Marte (MSCD) combina espectroscopia de quebra induzida por laser e espectroscopia infravermelha
Câmera Multi-Espectro (MSC)
Câmera de navegação e topografia (NTC
E os 7 instrumentos científicos do Orbitador são:
Câmera de média resolução (MRC) com resolução de 100 metros de uma órbita de 400 km
Câmera de alta resolução (HRC) com resolução de 2 metros de uma órbita de 400 km
Magnetômetro de Marte (MM)
Espectrômetro de Mineralogia de Marte (MMS), para determinar a composição elementar
Radar Orbital de Subsuperfície (OSR)
Analisador de Íons e Partículas Neutras de Marte (MINPA)
Analisador de Partículas Energéticas de Marte
A sonda chinesa detectará a superfície e estrutura interna de Marte usando seu equipamento de radar a bordo, o radar de penetração no solo é um instrumento-chave na sondagem. Espera-se que ele faça um levantamento do solo e do gelo, e colete o máximo de dados sobre a estrutura abaixo da superfície do Planeta em profundidades entre 10 e 100 metros.
O ROVER:
O Rover chinês permanece sem nome, isso porque haverá uma votação com a população chinesa para que o povo escolha o nome do Primeiro Rover Chinês na Superfície do Planeta Marte. Mais de 1,4 milhões de sugestões foram recebidas de 38 países e territórios, deste total 200 mil nomes foram levados em consideração e estes foram reduzidos a uma lista com 10 sugestões, todos os nomes estão relacionados a figuras mitológicas chinesas, conceitos do confucionismo ou animais mitológicos.
Veja quais são e seu significado:
Hongyi: persistência
Zhurong: um deus do fogo
Qilin: criatura mitológica com cascos, cabeça de dragão e chifre que lembra um unicórnio
Chitu: coelho vermelho
Qiusuo:“explorar” / referência a um poema antigo
Zhuimeng: “perseguir um sonho”
Nezha: um herói mitológico
Fenghuolun: uma das armas de Nezha
Tianxing: movimento dos corpos celestes
Xinghuo: faísca
A votação vai até o dia 28 de fevereiro (2021), e o nome final do Rover só será revelado quando a Tianwen 1 tocar em solo Marciano, declarou a CNSA.
(IMAGENS MERAMENTE ILUSTRATIVAS ⬆⬆⬆⬆)
Peso dos Equipamentos Científicos e Tempo de duração da Missão:
O rover pesa cerca de 240 kg, já o orbitador pesa cerca de 3.175 kg e o peso da espaçonave tianwen 1 ao total é cerca de 5.000 kg (Incluindo o combustível). A missão do Rover tem um tempo estimado de 90 sóis, já o orbitador tem a duração de ~2 anos terrestres ou 1 ano marciano (687 dias).
Possível Local de Pouso:
No início da missão o local para o pouso da sonda estava totalmente voltada para a planície Chryse Planitia e nas regiões do vulcão Elysium Mons, mas em 2019 foram apresentados dois locais mais propensos para o pouso e ambos ficam na região de Utopia - A maior bacia de impacto confirmada em Marte, com um diâmetro de aproximadamente 3.300 km.
ENTRANDO NA ÓRBITA DE MARTE:
A inserção da espaçonave na órbita do Planeta Marte ocorreu no dia 10 de fevereiro de 2021 mas a chegada do rover até a superfície do Planeta deve acontecer por volta de Maio do mesmo ano. Após a chegada na órbita de Marte a espaçonave inicialmente entrará em uma órbita de Após a captura de longo período ao redor do Planeta, o orbitador eventualmente se estabelecerá em um loop em torno de Marte variando entre 265 km a quase 12.000 km sobre os polos marciano. O orbitador passará os próximos meses escanceando a superfície para refinar a zona de pouso do rover, o escaneamento será feito por digitalização a laser 3D que fornecerá dados de terreno como elevação, com propósito de evitar obstáculos no momento do pouso.
Por volta do mês de Abril os módulos de pouso se separarão do orbitador para iniciar a descida na atmosfera.
Sondagens anteriores de radar em órbita, indicaram a presença de um reservatório de gelo contendo água na região de Utopia, onde será o alvo de pouso da sonda Tianwen 1.
(IMAGENS MERAMETE ILUSTRATIVAS ⬆⬆⬆⬆)
*Só para termos uma ideia a quantidade de água que estima-se ter nessa região é tão grande que assemelha-se a quantidade de água que encontramos no Lago Superior localizado na América do Norte.
O lago Superior é o maior dos cinco Grandes Lagos, e o maior lago de água doce do mundo em extensão territorial.
ESTUDO DA ÁGUA GELADA:
Tianwen-1: foi projetado para coletar uma variedade de dados diversos, tanto da órbita quanto da superfície marciana.
Equipado com um total de 13 cargas científicas: para estudar a morfologia e topografia marciana, estudar regolito de superfície e procurar gelo de água com radares, estudar a composição de materiais de superfície e as características da ionosfera, clima, meio ambiente e campo magnético.
O principal objetivo: será pesquisar e mapear a distribuição de gelo de água na superfície e subsuperfície, dois radares de sondagem operarão independentemente: um a bordo do orbitador que realizará uma pesquisa global mas se concentrará mais nas regiões polares de alta latitude; e um a bordo do Rover, como o processamento e a interpretação dos dados do radar são muito complexos, os dados do radar terrestre e do satélite juntos podem fornecer resultados mais confiáveis do que um único.
Potencial das cargas de radar: usar o sistema de radar para medir a estrutura subsuperficial da superfície marciana, especialmente para o gelo de água enterrado. Isso permitiria estudar não apenas as estruturas geológicas subjacentes de Marte mas também a fonte potencial de gelo de água que fornece estadia humana de longo prazo.
Também é importante: medir a espessura e as camadas de gelo e dióxido de carbono na região polar, para entender as evoluções sazonais da atmosfera de Marte. Combinando os resultados do radar de penetração orbital e terrestre, teremos um melhor entendimento da estrutura do solo e evolução no local de pouso.
COMO O ROVER E O MÓDULO DE ATERRISSAGEM POUSARÃO EM MARTE:
A parte mais desafiadora da missão será o pouso suave, um processo autônomo da sonda com duração de sete a oito minutos. O módulo de pouso que carrega o Rover usará um paraquedas, retrofoguetes e airbags para realizar o pouso, se ocorrer tudo conforme o planejado, o módulo de pouso soltará o Rover. O Rover será movido por painéis solares e deverá sondar a superfície de Marte com radar e realizar a análise química no solo e também deverá procurar por biomoléculas e bioassinaturas. Uma vez no Planeta Vermelho, a plataforma de pouso estenderá uma rampa que permitirá que o Rover role suavemente para a superfície. O Rover pode se comunicar diretamente com a Terra ou com o orbitador, que pode transmitir sinais. Como sabemos o orbitador tem o seu próprio conjunto de instrumentos científicos para estudar o Planeta e como dissemos anteriormente o Rover possui câmeras instrumentos para estudar o clima e geologia de Marte e até mesmo um equipamento para destruir rochas e registrar as assinaturas químicas resultantes. O radar do Rover funciona disparando ondas de rádio na superfície e medindo os tempos de reflexão, permitindo que os cientistas montem um mapa 3D do que está abaixo.
PERIGOS NO FANTÁSTICO PLANETA VERMELHO:
Em Marte a atmosfera é muito fina e tem o poder de aquecer extremamente as espaçonaves no momento da entrada , mas parece que A China já tinha tudo sob controle. A aerodinâmica do corpo tênue do escudo de aquecimento da entrada tem a forma de um cone esférico, cuja a ponta forma uma ângulo de
70° proporcionará a primeira desaceleração ao atingir a atmosfera viajando a uma faixa de quilômetros por segundo, em seguida ,enquanto viaja em uma velocidade supersônica, um paraquedas será lançado para desacelerar ainda mais a nave espacial, e em seguida o paraquedas será descartado.
A retropropulsão será responsável por desacelerar a nave durante a descida final, a maior parte será fornecida por um motor de empuxo variável 7.500 Newton.
O QUE PODERIA DAR ERRADO NA MISSÃO:
Para escapar do campo gravitacional da Terra e voar para Marte, um objeto deve atingir a "segunda velocidade cósmica" de cerca de 11,2 km / s. Quanto maior for a massa do objeto, mais difícil será para o objeto atingir a velocidade. A sonda Tianwen-1, no entanto, pesa cerca de cinco toneladas, tornando-se a sonda espacial mais pesada já lançada pela China. Outro problema para a missão estava na transmissão de informações, a velocidade mais rápida na qual os seres humanos podem transmitir informações é a velocidade da luz, que é de 300.000 km / s. No entanto, a distância entre Marte e a Terra ultrapassa 50 milhões de quilômetros no mais próximo e chega a 400 milhões de quilômetros no mais distante, o que resulta em um atraso na transferência de informações que varia de vários minutos a dezenas de minutos, o atraso na transmissão de informações significa que a sonda Tianwen-1 teria vários problemas e por esse motivo não pode ser controlada diretamente pelo centro de controle na Terra e precisa lidar com o ambiente desconhecido no espaço profundo por si só e fazer julgamentos e escolhas por conta própria.
CONQUISTA:
Se todas as etapas forem realizadas com sucesso de acordo com o plano, a China se tornará o terceiro País a realizar um pouso suave em Marte, depois da Rússia ( na época União Soviética ) e os Estados Unidos da América, e o segundo País a dirigir um veículo espacial robótico no Planeta Vermelho.
FOTOS E MAIS FOTOS!!
A Agência Espacial Chinesa divulgou no dia (1) primeiro de Outubro de 2020, imagens capturadas por uma pequena câmera implantável (TW-1) da primeira espaçonave do país que teve como destino o Planeta Vermelho. A foto mostra a sonda Tianwen 1 no espaço profundo à medida que se aproxima da metade de sua jornada a partir da Terra. Duas lentes grande-angular foram programadas para realizar uma captura a cada segundo. As imagens foram transmitidas de volta à espaçonave Tianwen 1 por um link de radio sem fio e assim, enviadas para as equipes em território chinês. De acordo com a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) as imagens foram liberadas como uma forma de presente pelo 71º aniversário da fundação da República Popular da China.
Nas imagens capturadas, podemos facilmente visualizar as asas do painel solar e a antena de comunicação em forma de prato da Tianwen 1. Na sessão branca, fica o módula de entrada e o escudo térmico, contendo um rover projetado para explorar a superfície de Marte. Além disso, claramente visível na espaçonave, há uma bandeira da China.
E no dia 5 de Fevereiro a Administração Espacial Nacional da China, divulgou a primeira foto do Planeta Marte tirada pela Tianwen 1 antes de realizar uma manobra de correção .A foto preto e branco foi publicada no site da agência espacial e mostra algumas formações geológicas do planeta, como os desfiladeiros de Valles Marineris, que se estendem por mais de 4 mil quilômetros. Ainda de acordo com a CNSA imagem foi feita a cerca de 2,2 milhões de quilômetros de distância do Planeta Vermelho, além de tirar fotos a Câmera implantável TW-1 (Deployable Camera - TDC- um pequeno satélite com duas câmeras), também testou a conexão Wi-Fi com a Tianwen 1.

CRÉTOS FINAIS E COLABORAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DA MISSÃO TIANWEN 1
A missão Tianwen 1 é uma missão da Administração Espacial Nacional da China (CNSA) junto a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC) Mas como todo projeto grande e complexo, a China precisou contar com a colaboração de alguns países oferecendo os seus melhores profissionais para ajudar na realização desse marco histórico para a história chinesa e mundial. Para colaboração com a missão a china contou com: A Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE) da Argentina; O Instituto de Pesquisa em Astrofísica e Planetologia da França (IRAP) em Toulouse; A Agência Austríaca de Promoção de Pesquisa (FFG) da Áustria E o Instituto de Pesquisa Espacial da Academia Austríaca de Ciências em Graz (também na Áustria).
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